Materia feita na data de 05/12/2024, Autor: Leonardo Silva
Ola Galera, iniciamos a escrever a algum tempo atrás sobre os jogos da série Art of Fighting, mas paramos no segundo game da série, hoje vamos dar sequencia, falando sobre o terceiro game, e até o momento o último, Art of Fighting 3, que não é o patinho feio do bando, até porque graficamente ele é mais bonito, mas poderíamos chamar de "patinho estranho", dado que ele é o mais "destoante" dos dois primeiros games. O game foi lançado em 12 de março de 1996 pela SNK e até hoje parece não ser devidamente conhecido por boa parte dos apreciadores dos jogos de luta, e parte disso se deve ao enredo e ao seu elenco de lutadores, que em ambos os casos, preservam muito pouco dos dois jogos anteriores, iremos abordar mais sobre isso nesse texto. De qualquer forma, é um jogo que merece ser mencionado, mesmo que tardiamente.
Art of Fighting 3 ou Art of Fighting 3: The Path of the Warrior é um game de de luta 2D, que conserva muitas das características dos primeiros jogos, mas não fica na sombra dos mesmos, tendo sua jogabilidade melhorada e incrementada, no entanto, sem perder duas das principais características que deixaram os antecessores tão peculiares que são o zoom da câmera e o carregamento da barra de espirito, ainda necessária para aplicar os golpes especiais e desperation move (em ordem respectiva, magias e especial, se preferir). Seu lançamento fica entre as KoF 95 e KoF 96, tendo inclusive uma de suas personagens, a Kasumi Todoh marcando presença também no The King of Fighter 96. Ele também é contemporâneo ao Real Bout Fatal Fury, que foi lançado alguns meses antes, dando a entender que se considerarmos apenas os jogos da SNK, o páreo tava difícil para esse game.


Enredo
Em Art of Fighting 3: The Path of the Warrior, o foco da história muda, deixando de ser concentrar na família Sakazaki, que guiou os dois primeiros jogos, e passa a ser em uma história ramificada a partir do personagem Robert, que até então aparece sempre auxiliando seu amigo Ryo. No enredo, Robert reencontra sua amiga de infância, Freia Lawrence, de uma forma bem aleatória, enquanto o mesmo acaba atropelando um batedor de carteiras que tinha acabado de roubar Freia. Os dois acabam se reconhecendo e Freia informa que estava para se encontrar com uma pessoa chamada Wyler. O pai de Freia e o de Wyler foram parceiros no passado e estavam trabalhando em um elixir que daria grande poder a quem o consumisse, no entanto, o pai de Freia acaba desistindo do projeto quando percebe o potencial risco que aquela descoberta poderia acarretar, porem, o mesmo sente que de certa forma acabou traindo a confiança de seu parceiro e acaba levando essa culpa para o resto da vida. Freia fala para Robert que estaria para devolver a parte restante da pesquisa para Wyler, como forma de remediar o sentimento que o pai carregara até sua morte, todavia, Robert promete a Freia que seria seu guarda costa enquanto ela se encontra com o tal Wyler. Dando a falta de seu amigo, Ryo e Yuri, a quem Robert prometeu encontrar, seguem em seu encalço.

Personagens
O cast de personagens é um ponto contra do jogo, na verdade é o pior ponto que pode ser levantado sobre ele, e que de fato pode ter contribuído para a não popularização do game. Se formos comparar os personagens dos jogos anteriores, olhamos para eles e vemos personagens com carisma, personagens que podemos identificar como lutadores, lembrando filmes alguns tantos filmes de artes marciais que víamos naquela época, o destaque era o Mister Big, um grandão com tacos que ao menos na foto de seleção, lembravam tacos de sinuca, e o personagem em si, lembrando vilões de séries e filmes do final dos anos 70, época na qual o jogo foi ambientado. Em contra partida, os personagens de Art of Fighting 3, em sua maioria, parecem genéricos demais, onde podemos descartar alguns deles, ou pelo visual genérico, ou pelo moveset fraco. Tal como nas outras matérias, vamos mostrar apenas os personagens novatos na franquia:

Kasumi Todoh: Filha de Ryuhaku Todoh, aquele mesmo personagem de Art of Fighting 1, primeiro a enfrentar Ryo Sakazaki e também o primeiro a levar uma sova. Kasumi é herdeira e uma grande entusiasta do estilo de luta do seu pai e se sente profundamente abalada quando seu pai desaparece por vergonha, ao ser derrotado pelo filho de seu grande rival, Takuma Sakazaki. Kasumi entra no jogo para procurar seu pai e em busca de revanche contra o Ryo e estilo Kyokugenryu Karate.

Karman Cole: O mais elegante personagem do jogo. Trabalha para a família Garcia, além de ser amigo da família e acompanhado o crescimento de Robert. Parte a procura de Robert quando os Garcia acabam perdendo o contanto com seu filho e acaba parando em Glasshill, onde os acontecimentos estão se desenrolando.

Lenny Creston: Uma investigadora privada contratada por Wyler para atuar junto com seu parceiro Roby Birts, no intuito de encontrar Freia Lawrence e impedir qualquer imprevisto. Ela vê o serviço como oportunidade de provar seu valor dentro do seu ramo de trabalho, onde não parece ter as melhores das reputações.

Rody Birts: Também é um investigador particular, e geralmente age junto com Lenny Creston. Os dois junto dão uma pitada cômica no jogo, sendo ele o segundo em comando. Embora pareça existir algo entre os dois, nada existe a não ser a parceria comercial. Tem um visual genérico, no entanto, o jogo reserva visuais / personagens bem piores.

Jin Fu-Ha: Se o jogo fosse sobre uma competição "nada a ver", esse personagem seria segundo lugar, não ganhando a competição por causa de seu moveset, que é muito bom e tem tudo a ver com a jogabilidade implementada no game. Jin foi discípulo de Eiji Kisaragi que agora busca vingança, depois que seu mestre causou uma cicatriz em seu peito. Como desculpa para colocá-lo no game, quer derrotar Ryo como formar de se testar e se sentir apto para encarar Eiji.

Wang Koh-San: De todos os personagens, esse ganha o premio de maior "nada a ver" do jogo. Aparece no jogo porque é um artista e foi parar "por acaso" em Glasshill em busca de inspiração, "por acaso" é amigo de Lee Pai Long e, "por acaso" decide que o Elixir de Wyler pode interessar ao seu parceiro. Foi colocado no jogo porque alguém achou legal colocar um lutador com um pelicano a tiracolo. Apesar da esquisitice, tem golpes especiais bons.

Sinclair: uma subchefe do game que aparece por volta da metade do jogo. Ela entende que o elixir que seu patrão procura pode ser extremamente desastroso para ele e para todos ao redor, então fingi ajudar Wyler enquanto o sabota, encorajando seus oponentes a freá-lo. Seus golpes tem um ótimo alcance.

Wyler: chefão final. Não ganharia de Wang Koh-San porque compete sozinho na categoria "nada a ver" reservada para os chefes. Herda o desejo do seu pai, numa proporção megalomaníaca, de fabricar o elixir. Chega a aparecer no game em forma normal, mas aparentemente ele consegue reproduzir o elixir em uma pequena porção que o torna o monstro que podemos ver ao final do game.
Jogabilidade
As características que fazem Art of Fighting ser o que é continuam quase que as mesmas em Em Art of Fighting 3: The Path of the Warrior, tais quais o zoom da câmera e a barra de espirito, tal como citamos no início, no entanto, podemos notar uma jogabilidade um pouco diferenciada com relação aos jogos anteriores. Ryo e Robert continuam quase os mesmos dos outros games, mas o restante dos outros personagens parece ter uma quantidade de golpes especiais menores do que os protagonistas. Em contra partida, todos os personagens tem mais variações de golpes normais, ganhando também combos baseados em sequencia de botões, adquirindo uma jogabilidade semelhante a alguns jogos 3D ao estilo de Tekken, sendo este, obviamente, em 2D. Muito provavelmente por isso, tirando Ryo e Robert, nenhum outro personagem possui fireballs, como também golpes especiais de longo alcance, ressaltando o combate aproximado e a utilização desses novos combos de sequencia de botões.

Alguns falam que a jogabilidade ficou um pouco menos travada, e de fato algumas inovações deram uma dinâmica melhor ao jogo, tal qual os novos tipos de combos já citados, como também a questão da força dos botões, que agora não varia mais de acordo com o apertar e segurar do botão, que era algo bem arcaico e datado já na época de AoF1 e AoF2. Infelizmente, o game continua bem travado na questão da aplicação dos golpes especiais, que ainda exigem o movimento completo, e no intervalo de tempo exato, fora que muitos desses golpes não podem ser aproveitados em combos, porque além de ter um tempo de execução, ainda tem algumas animações antes de serem de fato executados. No entanto e mais do que nunca, tudo isso vem bem a calhar quando o cerne da jogabilidade a mirar num combate mais próximo, onde os combos de botões tem uma enorme vantagem, junto com as variações de golpes comuns, golpes rasteiros e também variações de pulos (em Art of Fighting 3 podemos também fazer pulos baixos). Não podemos esquecer dos desperation moves, que continuam ruim de sair, mas se forem dados quando seu oponente estiver também no limite da vida, vai levá-lo ao fim do combate, sem a necessidade de um segundo round.

O grande chamariz aqui são os gráficos, que estão bem mais coloridos, possuindo animações com muito mais sprites. Para fazer as animações dos personagens e suas movimentações, foi utilizada uma técnica chamada Rotoscopia, que consiste em fazer os desenhos da movimentação do personagem por cima dos quadros de uma filmagem, de uma pessoa real, executando a mesma movimentação. Essa mesma técnica foi usada para o jogo "prince of persia" e em filmes de animação, tal como "branca de neve". Street Fighter 3 é outro jogo que usa a técnica de rotoscopia, mas apenas com a personagem Elena. É uma técnica que exige tempo e que é bem cara de ser implementada, talvez por isso que tenhamos tão poucos personagens no jogo, oito na seleção normal, subindo para 10, caso os chefes sejam desbloqueados. De fato é uma técnica muito boa,mas não vimos como uma tendencia em outros jogos por se tratar de uma técnica limita para o 2D, e já em 1996 a industria de jogos migrava seus esforços em massa para a produção de jogos 3D. Talvez esse seja um dos fatos que deixe Art of Fighting 3 um jogo único.

Impressões finais
Como falamos no início, talvez possamos chamar Art of Fighting 3: The Path of the Warrior, de patinho estranho, porque de fato, os desenvolvedores se deram a luxo de inovar a série de forma tal alguns dos antigos fãs não reconheceram como o terceiro jogo da série. Algo parecido só vimos alguns anos mais pra frente, na Capcom, com Street Fighter III: New Generation, mas no caso da Capcom, houveram mais duas versões que foram deixando o game mais fácil de digerir. Art of Fighting 3 não é um jogo ruim em si, mas é um jogo dificil de cativar. É como se você tivesse numa escola nova, e na sua sala de aula, você reencontrasse dois amigos seus, um pouco diferentes, e uma totalidade de colegas de classe que não tem nada a ver com você e não dá vontade alguma de interagir, e toda vez quem você está na sala, você pensa que se tivesse fulano ou sicrano, do ano passado, a sala estaria um pouco melhor. Acho que essa é a analogia perfeita, mesmo que não achemos boa parte das implementações boas ou relevantes, se tivesse mais alguns personagens dos jogos anteriores, talvez fosse mais fácil dar uma chance as novas propostas do jogo. Vale a menção de que, no Japão, o título do jogo foi "ART OF FIGHTING: Ry?ko no Ken Gaiden", onde podemos traduzir essa última parte como "O punho do dragão e do tigre" (como o jogo é conhecido, DE FATO, no Japão) "Gaiden" (algo como "uma história paralela") dando a entender que a intenção do jogo realmente era sair um pouco do fluxo da história dos games anteriores, o que de fato aconteceu, mas como em tantos casos, talvez fosse mais coerente o jogo não ser numerado, ou em último caso, não ter o nome "Art of Fighting", como foi feito com o jogo "Garou" anos mais tarde, correndo o risco de não ser reconhecido como um jogo que tenha a ver com a lore da série dos jogos, o que inevitavelmente aconteceu com Art of Fighting 3: The Path of the Warrior, mesmo sendo numerado.


De qualquer forma, é um jogo que vale a pena ser jogado. A série Art of Fighting realmente acaba tendo lá suas contradições, os dois primeiros jogos tem carisma pra dar e vender, mas tem jogabilidade dura e dificil, enquanto o terceiro game tem uma jogabilidade mais justa e pouquíssimo carisma, como já falado, por conta do cast de personagens, mas, assim é Art of Fighting, alguns amam, outros odeiam. Recentemente, a SNK falou que está começando o desenvolvimento de um novo jogo da franquia, mas não deu nenhum detalhe sobre o projeto. Essa nova SNK vem fazendo um bom trabalho com suas franquias, esperamos um carinho ainda maior com a série Art of Fighting, que trouxe tantas inovações e personagens icônicos, no mais, estamos no aguardo.
Boa jogatina