Materia feita na data de 04/08/2020, Autor: Leonardo Silva
Art of Fighting havia atingido grande sucesso nos arcades com seus gráficos super caprichados pra época, seus efeitos de zoom inovadores e o estilo bem peculiar dos personagens, que lembravam muito um filme de luta dos anos 70. O game ganhou vários portes para os consoles da época, conservaram boa qualidade, dadas suas devidas proporções com relação aos fliperamas. Foi lançado em 1992, seguindo o sucesso de Fatal Fury, mas principalmente, seu concorrente, Street Fighter 2, sendo alvo de duras comparações com relação a semelhança com os seus protagonistas. Art of Fighting, na prática, era um jogo bem distinto de Street Fighter, trazendo várias inovações aos games de luta, no entanto, tinha lá suas limitações se comparado a SF2 e uma das principais era a questão de só se poder escolher entre dois personagens para se jogar contra a CPU (contra outro player, era possível escolher entre oito personagens), e que por sinal, esses dos personagens tinham movesets bem parecidos. Esse era um fator limitante nos primeiros games de luta principais da SNK, pois o primeiro Fatal Fury (1991) também tinha uma quantidade de lutadores resumida, no caso, tinham três, mas no ano seguinte, Fatal Fury 2 já contava com oito personagens selecionáveis versus a CPU, Super Street Fighter 2 que havia sido lançado em 1993, já contava com 16 personagens. Estava na hora da SNK fazer algo a respeito com relação a Art of Fighting. Caso queira ver nossa matéria sobre o primeiro Art of Fighting, basta clicar aqui
Art of Fighting 2 chega aos arcades em 1994, mesmo ano da primeira edição do game The King of Fighters. AoF 2 vem trazendo a mesma essência do seu antecessor, mas também vem com algumas melhorias, tais como a já citada quantidade de personagens que podemos escolher jogando para zerar. Outra questão são os diálogos antes das lutas, que pela quantidade de personagens que ficaram disponíveis, ficaram ainda mais ricos, e nesse quesito, diga-se de passagem, a série Art of Fighting é pioneira. Neste game, o único personagem que não aparece em AoF 2 é Ryuhaku Todoh, fora, todos os outros personagens aparecem novamente, sendo que Mister Karate agora aparece sem a mascara. Ele é Takuma, o pai de Ryo e Yuri, que havia desaparecido. Mister Big também fica selecionável contra a maquina e temos a adição de mais três personagens jogáveis e um boss não selecionável por meio comum.
Nota de critica mais uma vez para a SNK por não ter colocado um final descente para o primeiro game, mas ao menos tratou de deixar as coisas bem mais melhores nesse game, tratando de elucidar as questões pendentes no jogo anterior logo na abertura do seus sucessor.
Enredo
Art of Fighting II se passa 1 ano após os eventos do primeiro game. Yuri finalmente foi resgatada, seu pai, Takuma Sakazaki, agora não precisava mais fazer o trabalho sujo para Mister Big e seja lá quem estivesse por trás dele. Takuma também acabou voltando para casa, e estavam todos reunidos novamente, mas nem tudo estava tranquilo. Um novo torneio estava sendo anunciado na cidade, e o clima por trás desse torneio não cheirava bem para Takuma, o mesmo segue acreditando que os organizadores desse torneio são os mesmos que estavam por trás do rapto de sua filha, e talvez, por trás da morte de sua esposa. Takuma não se esquece do rosto da pessoa que dava as ordens para Mr Big e sabia que o mesmo estava sempre procurando novos lutadores para coagir a trabalharem para ele e um torneio seria um ótimo cenário para esse proposito. Se inicia o embrião do que seria o torneio “The King of Fighters” (como falado na matéria sobre The King of Fighters 94, o torneio que dá nome ao jogo, não é o mesmo que acontece no universo de Fatal Fury e Art of Fighting. A série The King of Fighters acontece em um universo paralelo). Mesmo sabendo que pode ser uma armadilha, Takuma, o filho Ryo, o amigo de seu filho e seu discípulo Robert Garcia, e agora, com o reforço de sua filha Yuri, que passou a treinar duro assim que foi resgatada, decidem entrar para esse novo torneio e descobrir quem estava por trás de todos esses acontecimentos.
Personagens novos
Como dito a cima, dos personagens do primeiro Art of Fighting, apenas Ryuhaku Todoh ficou de fora, Mister Karate revela-se Takuma Sakazaki. Como já falamos sobre todos os personagens de Art of Fighting na matéria anterior, vamos apenas falar sobre os novos personagens e algumas mudanças no personagens antigos. Os quatro personagens novatos são:
Eiji Kisaragi: Eiji é um ninja mercenário, e como seu nome denota, ele pertence ao lendário clã Kisaragi. Suas principais características em combate são sua agilidade, que faz com que ele possa correr tão rapidamente pelo lado do oponente como se fosse um teleporte, e sua habilidade de rebater o KI do oponente, as tradicionais fireballs, habilidade essa proporcionada pelas duas adagas herdadas do seu clã, a Nagare e a Kage. Eiji Kisaragi é tido como vilão em Art of Fighting 2, mas a sua treta não tem nada a ver com o sindicato de Mr Big ou quem quer que esteja por trás do grandão bigodudo, mas sim, o ódio que seu clã nutre pelos representantes do estilo Kyokugen Ryu.
Temjin: Temjin é um lutador mongol que trabalha como estivador na parte portuária de Southtown, cidade onde acontece todo enredo de Art of Fighting. A primeira vista, Temjin pode ser considerado apenas um lutador bruto ou algo do tipo, mas ele tem um bom coração, o mesmo luta para arrecadar fundos para uma escola na Mongólia, onde um dia, pretende ser diretor. Seu estilo é o luta livre, estilizado com movimentos próprios dos lutadores mongoleses.
Yuri Sakazaki: Yuri é a filha de Takuma Sakazaki, irmãzinha de Ryo Sakazaki e interesse amoroso de Robert Garcia. Yuri foi o motivo de todos os acontecimentos em AoF 1, eventos esses que acabaram reunindo a família Sakazaki novamente. Após o retorno para casa, decide treinar fortemente Yuri para que ela seja capaz de se defender sozinha. Yuri então passa a entrar de cabeça tanto no treinamento do estilo de luta da família, o Kyokugen-ryu, quanto na academia, fortalecendo seus muculos e onde passa a maior parte do seu dia. Yuri não só passa a treinar o Kyokugen-ryu, como também o incrementa com características suas, sendo uma personagem dentro do jogo bem diferente de Ryo e Robert.
Geese Howard (Não selecionável): Geese é um personagem mais conhecido pela série Fatal Fury, por ter matado o pai de Terry e Andy Bogard, no entanto, a história dele começa antes desse acontecimento. Geese Howard é o chefão em ascensão de Southtown e é ele quem manda em Mr Big, causando todos os acontecimentos de AoF 1. Nesta época, Geese já controlava a policia e vários dos mestres do crime na cidade. Por força de personalidade, Takuma se opôs a ordem dada por Geese de eliminar o paí de Terry (lembrando que cronologicamente, AoF se passa em torno de 10 anos antes de Fatal Fury). Geese Howard apenas vem por ultimo caso você vença Mr Big sem perder nenhum round.
Personagens que mudaram:
Dos personagens antigos, todos mudaram alguma coisa, seja no visual, seja em alguns golpes. Destaque para Takuma, que apesar de não ser citado como um personagem novo, tanto o seu visual como parte dos seus golpes mudaram bastante. Takuma, encarnando o Mr Karate, estavam para Ryo e Robert assim como Akuma está para Ryu e Ken (lembrando que Mr Karate veio em Art of Fighting antes de Akuma aparecer em Super Street Fighter 2 Turbo) e o mesmo não era selecionável nem no modo história nem no modo versus (nos arcade, pois nas versões caseiras, era possível jogar tanto com Mr Karate quanto com Mr Big). Como em AoF 2 teríamos 4 lutadores do estilo Kyokugen-ryu, seria inviável que o 4 personagens tivessem exatamente os mesmo golpes, assim com acontecia com Ryo e Robert no game anterior. Era necessário estilizar os dois novos selecionáveis lutadores Kyokugen. Takuma, além da sua roupa agora ser branca, luta sem a parte de cima do seu quimono para se distanciar do visual do seu filho. Ao soltar seu Ko ou ken (fireball), o movimento é feito com uma mão e a outra fica apoiando o braço. Takuma perde seu uppercut e ganha um golpe em que sai correndo e desfere uma sequencia de joelhadas na cara do inimigo. Outros personagens que tiveram grandes alterações no seu visual foram John Crawley, que fica com a parte superior de sua roupa abotoada e perde seu destacado corte de cabelo em mulet, e Mickey Roger, que também muda seu corte de cabelo de um estilo grande e descuidado para um estilo mais polido, e no geral, Mickey agora ganha um ar de lutador profissional ao invés de lutador a margem da sociedade.
Jogabilidade
A Jogabilidade de Art of Fighting 2 ainda é travada, no entanto, ainda é melhor do que no primeiro game onde era sofrível para se dar alguma má gia. Aliás, tudo que tinha no game anterior foi melhorado em AoF 2, desde o som até os sprites dos personagens. Todas as mecânicas anteriores permanecem, então, ainda temos uma das marcas registradas do game que é a barra de espirito, caso ela acabe, seu personagem não conseguem mais desferir golpes especiais, ou então eles são com um alcance e potencia muito reduzidos, até que encha novamente essa barra, segurando em algum dos botões.
Além das melhorias no gameplay, a grande vantagem desse game em relação ao anterior é a quantidade de personagens que é possível selecionar no modo história, que não seria nada mais do que o aceitável, visto que até mesmo os games lançados na época do primeiro game da série, tais como World Heroes, já tinham disponíveis todos os personagens (exceto o Boss final), tanto no modo arcade como no modo versus. Esse fator dentro da série fez com que o game se tornasse bem mais atrativo. No mais, as mesmas peculiaridades do game anterior continuar nesse jogo.
Bonus Stage
Assim como no primeiro game, Art of Fighting 2 também tem estágios de bonus. Em outros games, tal como Street Fighter, os Bonus Stage servem para arrecadar pontos extras, contribuindo para a quebra de recorde na máquina em questão, algo que nem todos os jogadores ligavam para conseguir, apenas enfrentavam o estágio de bonus porque estava lá, ou simplesmente não completavam o bonus stage, esperando terminar o tempo do mesmo. Em Art of Fighting, cada bonus stage incrementava alguma coisa no personagem, lembrando um pouquinho a ideia dos RPG, então não completar o estágio bonus implicaria em não evoluir em um dos três requisitos pré-determinados. Os Bonus Stage de AoF 2 são equivalentes aos do AoF 1. São eles:
Spirit Training (Treino do espírito): O Spirit Training é equivalente ao Bottle Cut (corte de garrafas) do primeiro game, Nesse bonus, o personagens fica em frente a uma árvore e existe uma barra de energia que fica atingindo seu máximo e esvaziando em questão de segundos. É preciso aperta o botão no momento certo, quando essa barra estiver o mais cheia possível. Caso o jogador consiga, o personagem dará um soco que quebrará a árvore ao meio. Isso fará com que a barra de espírito fica levemente maior, possibilitando que o personagem possa desferir algum golpe especial a mais até que a barra se esvazie.
Strength Training (Treino da força): Strength Training equivale ao Ice Pillar Smash (destruição de pilhas de gelo), de AoF 1. (Encarar uma gangue). Em Strength Training uma gangue (supostamente o pessoal de Jack Turner) vai pra cima do seu personagem quase como no estilo briga de rua. É preciso acabar com todos eles, o que não se mostra uma tarefa tão difícil. Caso consiga, sua barra de vida irá aumentar um pouco, fazendo com que você resista mais tempo em combate
Initiate Super Death Blow (Treino de super técnica): Esse bonus é o mesmo do game anterior, quando Ryo ou Robert tinham que desferir seguidamente o Haoshokoken seguidas vezes em um determinado alvo e caso conseguisse, o Haoshokoken iria ficar liberado para as batalhas comuns. Agora, como temos vários personagens, esse bonus é especifico para cada um deles, pois cada personagem tem uma técnica que leva boa parte de sua barra de espírito e causa um grande dano em seu oponente.
Nossa Opinião
Art of Fighting 2 é sem dúvida alguma uma grande evolução em comparação ao primeiro game, Temos design e jogabilidade melhores, mais personagens, mais história e tudo mais, fazendo dele um ótimo jogo, no entanto AoF 2 é um jogo de 1994, mesmo tempo em que veio ao mundo a primeira maquina da série The King of Fighters, e seu concorrente, Street Fighter 2 estava na sua versão Super Turbo, ambos traziam jogabilidade bem mais refinada que AoF 2, que preferiu apenas trabalhar em cima do que já tinha sido feito. Não é extamamente questão de retirar mecânicas, pois por exemplo, retirar a barra de espirito, fazendo com que o personagem não tivesse limitação para dar algum golpe especial, com certeza daria mais agilidade ao gameplay, no entanto, retiraria uma das características principais da série, que é você ter que se virar sem magias enquanto sua barra de espirito está vazia e seu inimigo. está em cima de você, lhe acoando. O problema é não ter como reagir a altura enquanto seu inimigo. está aproveitando o momento, não ter uma mecânica, mesmo que simples, de combo, que possa fazer com que, de uma abertura que seu oponente der, você consiga dar um golpe e depois emendar outro, ou outros. Art of Fighting 2 é um jogo com uma dinâmica própria, assim com Samurai Shodown, que no caso, não prioriza o ritmo constante, ou velocidade no gameplay e sim o ataque e contra ataque, o momento da abertura da guarda e a punição. Art of Fighting 2 prioriza o impacto dos golpes, o combate corpo a corpo, tanto é que é impossível ficar lá do outro lado da tela apenas soltando fireballs, apelação comum em Street Fighter 2, pois a barra de espirito iria se esvaziar na quinta fireball. Nesse sentido, sem compará-lo a Street Fighter e outros jogos mais dinâmicos, é possível curtir e se divertir, mesmo com a dificuldade elevada e a resposta não tão rápida dos golpes especiais.
Não é tanto o gameplay que faz de Art of Fighting 2 um jogos memorável (sim, AoF 2 é um game que sempre merecerá destaque nos jogos de luta, apesar dos pesares ) e sim o conjunto da obra. Art of Fighting 2 é um game com identidade própria, esteriótipos fortes e ótimos personagens, uma história não tão inovadora, de fato, mas que te faz envolver com a família Sakazaki (incluindo Robert ). É um game que foi feito com muito esmero, riquíssimo em detalhes, mas que pecou bastante num dos itens principais, que é a jogabilidade, principalmente numa época em que grandes games de luta estavam sendo lançados, não fosse isso, Art of Fighting 2 teria facilmente condições de bater outros grandes games contemporâneos ao seu lançamento. Definitivamente, AoF 2 é um jogo para os nostálgicos, para quem o curtiu na época. Hoje, no máximo, ele servirá para matar a curiosidade daqueles que jogam The King of Fighters saber de onde veio alguns dos principais personagens da franquia, mas provavelmente os mesmo não conseguiriam jogar o game por muito tempo. Mas quem sabe, com a volta da SNK, a mesma resolve ressuscitar a franquia e nos trás algum game novo, com uma qualidade de gameplay equivalente ao seu peso dentro do universo que SNK criou, não custa nada sonhar, já que ela trouxe de volta, e com muitas qualidade, Samurai Shodown. Esperamos ansiosos por isso.
Até a próxima!!!