Materia feita na data de 28/08/2025, Autor: Leonardo Silva
A explosão do gênero de luta no início dos anos 90 foi um marco histórico para a indústria dos videogames. O sucesso arrebatador de Street Fighter II, lançado pela Capcom em 1991, abriu as portas para uma avalanche de títulos similares que dominaram os arcades ao redor do mundo. Essa febre dos fliperamas rapidamente se estendeu aos consoles domésticos, que passaram a receber adaptações e versões originais desses sucessos, levando para dentro de casa a mesma experiência que antes só era possível encontrar em bares, shoppings e casas de jogos. Nesse cenário, o Super Nintendo ganhou destaque como um dos sistemas que melhor soube absorver e popularizar esses jogos, recebendo versões que, apesar das limitações técnicas em relação ao hardware dos arcades, conquistaram uma legião de fãs e ajudaram a consolidar o gênero no ambiente doméstico.
Com a chegada de dezenas de franquias rivais tentando replicar o impacto de Street Fighter II, os jogadores encontraram no Super Nintendo um verdadeiro arsenal de experiências de luta, cada uma com suas próprias mecânicas, estilos gráficos e personagens carismáticos. Essa era dourada, no entanto, começou a perder força com a transição para a quinta geração de consoles, marcada pela chegada dos 32 bits com o PlayStation e o Sega Saturn, que ofereciam uma capacidade gráfica e sonora muito mais próxima das placas de arcade. Foi nesse ponto que muitos jogadores começaram a migrar para os novos sistemas, decretando o fim de um ciclo glorioso no Super Nintendo. Ainda assim, os ports de luta do console marcaram época e permanecem até hoje na memória de quem viveu aquela fase, sendo dignos de destaque e lembrança.
7º Lugar:
Fighter’s History
Lançado originalmente em 1993 nos arcades pela Data East, Fighter’s History chegou ao Super Nintendo em 1994, em um período onde o gênero de luta já estava saturado, mas ainda muito popular. O jogo foi alvo de uma polêmica envolvendo a Capcom, que processou a Data East alegando que o título era uma cópia descarada de Street Fighter II. Curiosamente, essa briga judicial acabou chamando ainda mais atenção para o jogo, tornando-o conhecido entre jogadores curiosos. Embora nunca tenha alcançado o mesmo patamar dos gigantes do gênero, ele se destacou por ter sido um dos primeiros jogos “inspirados” por SFII a ganhar uma versão doméstica de destaque.
A presença de Fighter’s History nesta lista se justifica não apenas pelo porte em si, mas pelo peso histórico que ele carrega. Mesmo sendo um “clone”, apenas mais um jogo “fortemente inspirado” em outro, ele ilustra perfeitamente o impacto que Street Fighter II causou e como diversas empresas tentaram replicar a fórmula em busca de sucesso. Além disso, o fato de a versão de Super Nintendo ter ficado muito próxima do arcade reforça a competência do console em receber adaptações fiéis, consolidando sua importância na era dos jogos de luta caseiros.
6º Lugar:
World Heroes 2
Lançado em 1993 para os arcades pela SNK através da ADK, World Heroes 2 chegou ao Super Nintendo no ano seguinte, trazendo consigo a irreverência que caracterizava a série. Em meio à concorrência acirrada dos jogos de luta, World Heroes se destacava por sua temática inusitada, reunindo personagens históricos e fictícios em batalhas nada convencionais. Ao lado de Fatal Fury e Art of Fighting, fazia parte do esforço da SNK em expandir sua presença no gênero que dominava os fliperamas, ainda que sua popularidade fosse menor que a das séries principais da empresa.
A versão de Super Nintendo garantiu que World Heroes 2 fosse conhecido por um público maior, já que nem todos tinham acesso aos arcades da época. Apesar de algumas perdas técnicas, o port conseguiu preservar a essência do título e mostrar que o console era capaz de comportar jogos mais alternativos do gênero. Ele entra nesta lista por ser uma das adaptações mais carismáticas, trazendo humor, criatividade e variedade para os fãs de luta.
5º Lugar:
Art of Fighting 2
Lançado originalmente em 1994 para os arcades e Neo Geo, Art of Fighting 2 foi posteriormente adaptado para o Super Nintendo, levando consigo uma das franquias mais ambiciosas da SNK. O primeiro jogo já havia chamado atenção pelos gráficos detalhados, pelas barras de energia que limitavam os golpes especiais e os hematomas nas faces dos personagens durante a luta, algo impressionante para a época. Contudo, Art of Fighting 2 trouxe ajustes de jogabilidade, novos personagens e um enredo que continuava a saga da família Sakazaki contra o vilão Geese Howard.
Apesar de perder um pouco nos sprites, que ficaram reduzidos comparados ao tamanho grande dos arcades, Ele entra nesta lista por representar como o console serviu de ponte para títulos que originalmente eram exclusivos de sistemas muito caros (leia-se Neo Gero), permitindo que um público mais amplo pudesse ter acesso ao universo da SNK. Foi graças a esse tipo de porte que muitos jogadores conheceram personagens que mais tarde fariam parte de The King of Fighters. Vale ressaltar que o jogo aproveita o controle de 6 botẽos do super nintendo, trazendo botões de dois botões de soco e dois de chute, tendo potencia fraca e forte, fora a provocação e o de agarrão, diferente do arcade que além desses dois últimos, trazia apenas um de soco e chute.
4º Lugar:
Fatal Fury Special
Original de 1993 nos arcades, Fatal Fury Special foi lançado para o Super Nintendo em 1994, consolidando-se como uma das adaptações mais ambiciosas da época. O jogo era uma versão expandida de Fatal Fury 2, trazendo um elenco muito maior de personagens, incluindo figuras icônicas como Geese Howard. Naquele período, a SNK já tinha conquistado respeito entre os fãs do gênero, e Fatal Fury Special foi visto como uma tentativa de rivalizar diretamente com Street Fighter II Turbo, inclusive no ritmo mais rápido das lutas.
No Super Nintendo, Fatal Fury Special surpreendeu ao conseguir manter boa parte dessa complexidade mesmo com as limitações do hardware. Era uma adaptação bastante fiel e jogável, além de um porte bastante carinhoso, pos trazer o Ryo Sakazaki, de Art of Fighting, o que o torna um exemplo claro da competência da Nintendo em trazer para casa a experiência dos arcades. Ele merece estar nesta lista justamente por ter sido um dos melhores portes de sua época, capaz de introduzir jogadores ao universo mais rico da SNK.
3º Lugar:
Mortal Kombat 3 Ultimate
Lançado em 1995 para os arcades, Ultimate Mortal Kombat 3 chegou pouco depois ao Super Nintendo, trazendo uma versão robusta de uma das franquias mais polêmicas e populares dos anos 90. O título era uma atualização de Mortal Kombat 3, corrigindo críticas feitas ao elenco reduzido do jogo anterior e trazendo de volta personagens icônicos como Scorpion e Kitana. O sucesso da série já era tão grande que a expectativa pelo port caseiro era altíssima, e o Super Nintendo não decepcionou.
A adaptação para o Super Nintendo foi impressionante para os padrões da época, conseguindo preservar não apenas a jogabilidade, mas também a atmosfera sangrenta e polêmica que tornara Mortal Kombat famoso, tendo como ponto fraco principal, o corte da Sheeva no elenco de personagens. Ele entra nesta lista como um dos melhores exemplos de como o console foi capaz de receber ports de grande porte, agradando tanto os fãs dos fliperamas quanto os que só jogavam em casa. Foi também um dos últimos grandes sucessos de luta do sistema antes da chegada dos 32 bits.
2º Lugar:
Super Street Fighter II
Lançado em 1993 nos arcades e no ano seguinte para o Super Nintendo, Super Street Fighter II: The New Challengers foi mais uma demonstração da força da Capcom e de como a franquia Street Fighter ditava tendências. Essa versão expandia ainda mais o universo iniciado em 1991, trazendo novos personagens como Cammy, Dee Jay, Fei Long e T. Hawk. Nos fliperamas, o jogo foi um sucesso imediato, reforçando o domínio absoluto da série.
No Super Nintendo, o port de Super Street Fighter II foi um marco, demonstrando o quanto o console ainda tinha fôlego para receber versões próximas ao arcade. Embora houvesse diferenças gráficas e sonoras, a essência estava toda presente, e isso garantiu que fosse um dos títulos de luta mais queridos do sistema. Ele está nesta lista por simbolizar o auge dos portes de Street Fighter para o console, sendo também um dos últimos grandes capítulos da franquia antes da transição para os 32 bits. Lembrando que anos mais tarde para fazer a despedido do 16 bits, o Snes ganhou um esforçado porte de Street Fighter Alpha 2.
1º Lugar:
Killer Instinct
Lançado nos arcades em 1994 pela Rare e distribuído pela Midway, Killer Instinct foi um dos jogos de luta mais impressionantes do ponto de vista técnico, com gráficos digitalizados e efeitos pré-renderizados que chamaram a atenção de todos. A chegada ao Super Nintendo em 1995 foi cercada de expectativa, especialmente porque o jogo foi usado como uma espécie de “vitrine” para mostrar a capacidade do console de simular experiências de próxima geração. O título se destacou ainda por ter sido acompanhado de um cartucho preto e uma fita bônus com a trilha sonora, chamada “Killer Cuts”.
A versão de Super Nintendo, embora inferior visualmente ao arcade, impressionou pela fidelidade com que conseguiu recriar a essência do jogo, sendo considerada um dos portes mais ousados do console. Ele merece estar nesta lista porque representa o ápice da tentativa de trazer experiências gráficas avançadas para o sistema, além de ser um dos últimos grandes sucessos de luta antes da virada para a nova geração. Killer Instinct não apenas marcou presença, mas também deixou um legado duradouro entre os fãs do gênero.
Considerações Finais
A quarta geração conseguiu trazer dois grandes e marcantes consoles, o Mega Drive e Super Nintendo. e por serem tão carismáticos, trouxe a guerra de consoles, onde cada dono de videogame defendia o seu com unhas e dentes, disputando cada jogo e cada especificação técnica. O Mega Drive foi o primeiro a ser lançado, no ano de 1988, no Japão, e ganhou muitos ports bem fieis aos arcades da época, principalmente da própria Sega, ex: Altered Beast, Golden Axe. No entanto, o Super Nintendo foi lançado dois anos depois, tempo esse que serviu para analisar o que estava funcionando para o seu concorrente e o que não estava. O Super Nintendo chegou com boa parte de suas especificações melhores que a do console da Sega, sendo o fator principal para que, ou conseguisse portar jogos de arcade com exclusividade, ou que portasse jogos um pouco mais fidedignos que o concorrente, não significando que os ports do Mega Drive eram de qualidade ruim, tanto que alguns portes, sobre alguns aspectos, conseguiam até mesmo superar o porte equivalente do Super Nintendo.
O fato é que pelo tempo de “vida útil” da quarta geração, mesmo tendo suas limitações, o Super Nintendo foi o sinônimo de arcade em casa para muito jogadores, sendo apenas superado nesse quesito pelo console caseiro Neo Geo, que em contrapartida, tinha valor absurdo para a época (e até hoje para quem conleciona). De qualquer forma, para quem viveu e possuiu console naquela época, não importa o console, sabemos que tiveram experiências fantásticas, seja jogando um game portado dos arcades ou um jogo exclusivo. Para bom jogador, o que importa é jogar.
Boa jogatina