Materia feita na data de 08/08/2025, Autor: Leonardo Silva
A história dos videogames, especialmente dos jogos de plataforma e aventura, passou por uma evolução marcante na forma como os sprites eram exibidos. Na primeira geração, gráficos extremamente pixelados exigiam do jogador uma leitura rápida de formas abstratas, muitas vezes era difícil identificar se aquilo era um personagem, um inimigo ou um simples objeto do cenário. Conforme avançamos para consoles de segunda e terceira geração, os sprites ganharam contornos mais definidos, paletas de cores mais ricas e deixaram de ser formas abstratas para se tornarem figuras reconhecíveis com expressões faciais e roupas estilizadas. A sensação de “ler” o que acontecia na tela tornou-se mais intuitiva, e o jogador passou a compreender melhor o que cada elemento representava no universo do jogo.
Já quinta geração (PlayStation, Saturn, N64), com a chegada dos gráficos 3D, os jogos ganharam mais realismo, atraindo um público mais adulto, no entanto, muitos games ainda preservavam uma ambientação, personagens e animações que evidenciavam um mundo de fantasia, no intuito de preserva aqueles que foram atraído para os videogames por conta dessa estética. Ainda haviam vários títulos em 2D, e desses, muitos usavam um tipo de arte que remetiam aos cartoons, lembrando revistas em quadrinhos ou desenhos animados que víamos na TV.
Apesar dos gráficos cada vez mais reais e o termo “imersão” ficar cada vez mais popular, os tantos universos lúdicos que os videogames sempre nos trouxeram, nunca deixaram de existir. Na verdade, os jogadores ganharam ainda mais formas de se conectar com os videogames e as várias histórias que o jogos nos contam. É sempre bom olhar para os jogos e ver que podemos adentrar uma historia cheia de elementos da vida real no fazendo comparar aquele jogo com a nossa própria vida, e num momento seguinte, trocarmos de jogo e entramos numa realidade totalmente distópica, com personagens que se esticam, se deformam como um boneco de borracha, morrem e voltam a vida novamente, piscando, em um breve momento de invencibilidade.
Para que a gente não se esqueça da essência do jogos e deixar um pouco o realismo de lado, hoje trazemos 7 jogos com a estética cartoon que você precisa conhecer.
7º Lugar:
Rayman - 1995
Lançado em 1 de Setembro de 1995 para PlayStation, Atari Jaguar, Sega Saturn e PC, o Rayman foi um diferencial no início da quinta geração. No mesmo período, plataformas como Donkey Kong Country (1994) e Plok! (1993) mostravam cenários ricos, mas Rayman se destacou por sua arte original e animação fluida. Foi um dos primeiros grandes jogos 2D a emerger em consoles de 32‑bits, com desenvolvimento liderado por Michel Ancel na Ubisoft. Curiosamente, em sua versão Jaguar, contava com um sistema especial de rotinas que permitia animações ainda mais suaves em comparação às demais plataformas.
No jogo, Rayman precisa resgatar os Electoons aprisionados por Mr. Dark para restaurar o equilíbrio do Great Protoon. A jogabilidade mistura plataforma com elementos de aventura, exigindo saltos precisos, uso de braços estendíveis (sua icônica “telescopic fist”) e confrontação com inimigos e chefes bem desenhados. Há coleta de itens escondidos e fases como “Pink Plant Woods” e “Moskito’s Nest”, cada uma com clima visual único.
Rayman representa perfeitamente o ideal de jogo estilo cartoon: estética vibrante, personagens exagerados e animações cheias de vida. Ele aproveita com excelência os gráficos da geração de 32‑bits para dar mais leitura visual e expressividade ao sprite de Rayman. Seu design artístico, trilha sonora alegre e ritmo desafiador o tornam um clássico que combina diversão pura com experiência visual memorável na era cartunesca.


6º Lugar:
Goof Troop - 1993
Lançado em julho de 1993 para Super Nintendo (SNES), Goof Troop é um jogo de ação-aventura com quebra‑cabeças desenvolvido e publicado pela Capcom, inspirado no desenho animado da Disney homônimo. Foi um dos primeiros jogos ideados por Shinji Mikami, que mais tarde dirigiria Resident Evil Reddit 5Wikipedia 5Wikipedia 5. Em comparação com as adaptações da época, como Chip ’n Dale Rescue Rangers ou Darkwing Duck, Goof Troop se destacou ao adotar uma jogabilidade tipo Zelda, com visão aérea e exploração de salas, um contraste interessante com os demais títulos Disney‑Capcom
Aqui, você controla Goofy ou Max, que devem resgatar seus vizinhos Pete e PJ após serem sequestrados por piratas e levados à Ilha Spoonerville. O jogo avança por cinco áreas distintas — praia, vila sob cerco, castelo assombrado, caverna subterrânea e navio pirata — cada uma com chefes e desafios próprios classic-games.net 11Disney Fandom 11Wikipedia 11. A jogabilidade foca em combate indireto: arremesso de objetos (barris, vasos, martelos), chute de blocos, resolução de puzzles que envolvem usar itens como gancho, campainha, vela, pá e prancha para ativar mecanismos ou atravessar abismos, com limite de itens por personagem.
Goof Troop combina estética cartoon e humor Disney com mecânicas de ação-aventura e puzzles de forma leve e charmosa. A interação cooperativa é especialmente divertida — em modo multiplayer, Goofy e Max podem trocar itens e projetar estratégias para vencer inimigos ou resolver enigmas, amplificando o espírito colaborativo e cartunesco. Mesmo em single player, sua estrutura limpa e ambientação colorida reforçam a clara inspiração em quadrinhos animados e reforçam por que ele merece estar entre os jogos essenciais estilo cartoons, uma experiência visual carismática, acessível e diferente das plataformas tradicionais.


5º Lugar:
Crash Bandicoot - 1996
Lançado em 1996 para PlayStation (PS1), Crash Bandicoot marcou o início da quinta geração de consoles. Desenvolvido pela Naughty Dog e publicado pela Sony, é um jogo de plataforma 3D linear que tinha como missão rivalizar com mascotes como Mario e Sonic. Na mesma época surgiram títulos como Super Mario 64 (1996) e Sonic 3D Blast (1996), mas Crash trouxe um estilo distinto ao misturar gráficos tridimensionais com câmera fixa na traseira de personagens, criando uma experiência que mais parecia um desenho animado interativo. Curiosamente, para conquistar o mercado japonês, o visual de Crash foi modificado: os olhos ficaram maiores, sobrancelhas mais finas e um estilo mais “fofo”, além de uma dancinha icônica adicionada à personagem principal.
O jogador controla Crash, um bandicoot geneticamente modificado criado pelo vilão Dr. Neo Cortex. Após escapar, Crash parte para resgatar sua namorada Tawna e frustrar os planos de dominação do mundo de Cortex.A jogabilidade se desenvolve em fases lineares, com a câmera atrás de Crash, exigindo saltos precisos, destruição de caixas, coleta de frutas Wumpa e busca por gemas secretas. Manchezas como fases de ladeira rolante, jet-ski e combate contra chefes adicionam variedade dentro da estrutura de plataforma ágil
Crash Bandicoot é uma síntese perfeita do estilo cartoon em plataforma 3D: visual exagerado, personagens expressivos e cores vibrantes. Mesmo sendo poligonal, sua estética transmite a leveza e carisma de um desenho animado interativo. A música composta por Josh Mancell — inspirada em Looney Tunes — reforça essa identidade cartunesca com batidas frenéticas e temas memoráveis. Além disso, o uso criativo de elementos técnicos da época — como caixas cubiformes para preencher cenários e limitar o hardware — resultou em mecânicas lúdicas e carismáticas, provando que limitações podem ser aliadas da diversão visual


4º Lugar:
Animaniacs - 1994
Lançado em junho de 1994 para SNES (versão Mega Drive/Genesis e Game Boy em 1994‑95), Animaniacs foi desenvolvido e publicado pela Konami como jogo oficial da série de animação homônima. No mesmo período, adaptações de desenhos para games estavam em alta, mas poucos capturaram o espírito cômico da animação tão fielmente quanto este título. Curiosamente, a versão do SNES foi considerada mais simplista do que a de Genesis, com críticas à jogabilidade repetitiva, embora todos elogiassem os sprites amplos, coloridos e referência direta ao show. A recepção dividida destacou que, embora tenha boa cara, era um jogo estreito em desafio – mas visualmente carismático
Você controla Yakko, Wakko ou Dot, procurando recuperar 24 páginas de roteiro roubadas por Pinky e o Cérebro nos estúdios da Warner Bros. Cada nível corresponde a um cenário temático — Sci‑Fi, Aquatic, Fantasy e Adventure — culminando numa sala de edição onde todos os chefes anteriores são enfrentados de novo antes do confronto final com os vilões.fandom.com 6. A jogabilidade combina plataforma com exploração: troca entre irmãos em tempo real, caixas destruíveis, moedas e um mini‑jogo tipo caça‑níquel que concede bônus ou penalidades com base em combinações dos personagens
Animaniacs é um exemplo clássico de adaptação de desenho animado que preserva o humor visual e meta-referências da série original. Os sprites são exagerados, os cenários tematizados e as interações rendem piadas visuais constantes, como quando “Hello Nurse” aparece provocando reações hilárias nos irmãos. Apesar dos defeitos na jogabilidade, ele traduziu a energia cartunesca em pixel art vibrante, com ritmo frenético e referências cinematográficas que reforçam sua proposta lúdica. É uma experiência carismática que destaca o poder dos cartoons até dentro de limitações técnicas.


3º Lugar:
Earthworm Jim - 1994
Lançado originalmente em agosto de 1994 para Sega Genesis (Mega Drive), Earthworm Jim foi criado pela Shiny Entertainment e publicado pela Interplay/Playmates. Posteriormente ganhou versões para SNES, Sega CD, Game Boy, Game Gear e PCs com Windows 95, além de uma edição especial para Sega CD com conteúdos extras. Na época, jogos de plataforma tradicionais como Mario e Sonic dominavam o gênero, mas Earthworm Jim se destacou pela irreverência visual e humor surreal. A versão de Genesis recebia melhorias exclusivas, inclusive um nível extra chamado “Big Bruty” implementado em apenas um dia pela equipe por exigência da Sega em troca de redução no custo do cartucho.
Você assume o controle de Jim, uma minhoca que ganha um super‑traje alienígena inteligente caído do espaço. Com ele, Jim torna‑se um herói pouco convencional, enfrentando vilões como Psy‑Crow, Queen Slug‑for‑a‑Butt, Evil the Cat e o refinado Professor Monkey‑for‑a‑Head. O gameplay mistura corrida, pulos precisos e tiroteios leves, com uso criativo da cabeça‑minhoca que funciona como chicote ou gancho, além da coleta de power‑ups e frutas “Wumpa” e níveis de corrida em terceira pessoa como "Andy Asteroids".
Earthworm Jim encarna a estética cartoon de forma impecável: visuais exagerados, personagens caricatos e cenários absurdos que parecem cenas de desenhos animados interativos. A combinação de humor slapstick, velocidade ágil e animações expressivas dão um tom vibrante que reforça o fator diversão. Mesmo após décadas, continua sendo referência em como sprite art pode expressar personalidade, narrativa e estilo sem depender de realismo gráfico — e por isso merece estar nesta lista


2º Lugar:
O Máskara (The Mask) - 1995
Lançado em outubro de 1995 para Super Nintendo (SNES), The Mask foi desenvolvido pela Black Pearl Software e publicado por THQ (Virgin Interactive no Japão). Baseado no sucesso do filme de 1994 estrelando Jim Carrey, o jogo chegou com atraso incomum para adaptações cinematográficas da época, cerca de 1 ano após o lançamento do longa — a versão para Sega Genesis e Game Gear chegou a ser planejada, mas foi cancelada para focar no SNES. Criticado por níveis confusos e alta dificuldade, foi elogiado por capturar bem o humor visual da franquia
Você controla Stanley Ipkiss, um bancário pacato que se transforma no caótico herói mascarado após encontrar uma máscara verde mística. O objetivo é derrotar Dorian Tyrell e seu bando pela cidade de Edge City, passando por ambientes como apartamento, banco, parque, prisão e uma boate luxuosa onde ocorre o confronto final. O gameplay se destaca pelas habilidades malucas de The Mask: o martelo estrondoso, o chifre “Ah‑oooggah”, as metralhadoras que ele puxa do nada, e um tornado destrutivo — todos consumindo o medidor “Morph”, que se regenera lentamente com power‑ups. Há também um modo furtivo que o torna invisível e um "superdash" que o faz correr em velocidade supersônica
The Mask encarna a estética cartoon com seus visuais exagerados, movimentos absurdos e humor elaboradamente surreal, como se você jogasse um desenho animado interativo. Ainda que o level design seja criticado pela dificuldade elevada e falta de contagens de continues, o estilo visual—inspirado nos quadrinhos e no filme—brilha com cores vibrantes e animações expressivas. A fidelidade ao material original, combinada ao uso criativo das mecânicas do “Morph”, faz dele uma experiência memorável e carismática, digna de estar entre os essenciais para fãs de jogos estilo cartoons.


1º Lugar:
Comix Zone - 1995
Lançado em julho de 1995 (na América do Norte) para Sega Genesis / Mega Drive, com ports posteriores para Windows (1995), Game Boy Advance e outras plataformas da Sega, Comix Zone foi desenvolvido pelo Sega Technical Institute e publicado pela Sega. Na época, beat ’em ups como Final Fight e Streets of Rage dominavam o gênero, mas poucos ousaram integrar estética de quadrinhos ao gameplay. Comix Zone implementou ideias inovadoras — como balões de fala, transições de "vinheta" e destruição de páginas como mecânica — ao ponto de a Sega patentear essa tecnologia. Apesar de receber elogios pela originalidade, teve vendas modestas devido ao seu lançamento tardio na era Mega Drive, já concorrendo com consoles de quinta geração
Você assume o papel de Sketch Turner, artista de quadrinhos que é sugado para dentro de sua própria história quando o vilão Mortus ganha vida e o aprisiona dentro das páginas do gibi. Dentro desse universo, Sketch segue três capítulos (seis páginas), enfrentando invasores alienígenas, resolvendo puzzles simples e viajando entre painéis por caminhos ocultos, inclusive rasgando o papel para revelar segredos ou atalhos. A jogabilidade mistura combate beat ’em up com ataques, combos, defesa e uso do rato acompanhante Roadkill, que busca itens, ativa interruptores e ajuda em puzzles. Há também power‑ups como dinamite, faca, tônico de saúde e a transformação em Super Sketch, que destrói inimigos próximos ao custo de energia
Comix Zone é a quintessência do estilo cartoon: uma narrativa visual que se desdobra quadro a quadro, com balões de diálogo, onomatopeias (“Pow! Wrack! Boom!”) e cenas que parecem páginas vivas de um gibi — exatamente o tipo de fantasia cartunesca que buscamos nesta lista. Seu design destaca-se por transformar o próprio layout de tela em parte da mecânica: o jogador literalmente salta entre vinhetas, interage com bordas de páginas e encara a mão do vilão desenhando inimigos em tempo real. É uma das experiências mais imaginativas e visuais da era 16 bits, que mescla diversão, estilo e inovação estética.


Conclusão
Jogos com estilo cartoon oferecem uma alternativa refrescante ao realismo gráfico extremo que domina muitos lançamentos modernos. Eles preservam o espírito da imaginação infantil e a fantasia que apenas desenhos animados autênticos conseguem transmitir. Enquanto títulos hiper-realistas se concentram em imersão e fidelidade visual, os jogos estilo cartoon priorizam diversão pura, humor, exagero e personalidade visual. Ao combinar sprites expressivos, cenários caricatos e narrativas leves com mecânicas bem calibradas, esses jogos criam uma experiência que valoriza a criatividade estética e o encantamento lúdico. São obras que mostram que, às vezes, a simplicidade estilística e o carisma visual superam gráficos sofisticados, dessas experiências que permanecem vivas na memória e lembram porque jogar é, antes de tudo, brincar com alegria.
Boa ogatina!!!