Super Smash Bros é de fato um jogo de luta?

Super Smash Bros é de fato um jogo de luta?

Materia feita na data de 30/12/2019, Autor: Leonardo Silva

 

Super Smash Bros Ultimate foi o grande ganhador na categoria de jogos de luta do “The Game Awards”, o que mais uma vez trás a tona a velha rinha sobre a questão da franquia Smash Bros se encaixar na categoria de jogo de luta ou não. Para seus fãs não existem dúvidas quanto a essa questão mas para os jogadores das antigas, aqueles que costumavam passar algumas horas do dia no fliperama da esquina, seja jogando algum jogo com os poucos trocados que tinham em seus bolsos, seja apenas bizoiando os outros jogarem para pegar os macetes, levar Smash Bros a sério como jogo de luta é algo difícil de engolir.

 

Smash Bros é uma série de jogos publicada pela Nintendo, que mistura boa parte da gama de personagens aos quais a Nintendo possui direitos, fora os personagens de outras produtoras aos quais são convidados, tais como Terry, da SNK, Ryu, da Capcom, Sonic, da Sega e muitos outros. Apenas por ser um jogo da Nintendo, já se constata fato suficiente para que o jogo já venha ao mundo com plateia certa e cativa, pois seu público costuma ser muito fiel aos produtos criados pela empresa. A Nintendo foi a responsável pela volta dos videogames as prateleiras, no início da década de 80, com seu Famicom (Family Computer), lá no Japão, e com seu Nes (Nintendo Entertainment System, ou Nintendinho, para os íntimos), nos EUA. Desde então, ela vem fazendo jogos de grande qualidade, lançando em seus games, grande mascotes, tais como Mario, Donkey Kong, Kurb, e muitos outros, que ultrapassam gerações e cativam os corações dos gamers de todas as idades.

 

 

Como surgiu Super Smash Bros

 

Assim como a SNK teve a ideia de fazer o maior jogos de luta de seu catalogo, juntando os melhores personagens dos jogos desse gênero, dos seus jogos mais destacados, a Nintendo seguiu a mesma receita de bolo, embora os personagens mais carismáticos que ela tivesse para disponibilizar fosse mais “fofinhos” do que “durões”. Conta a lenda que em algum momento, seu criador e diretor atualmente, Masahiro Sakurai, foi jogar um jogo aleatório de luta, com uma pessoa que a principio estava bem empolgada, mas que não sabia jogar muito, e o resultado é que ela saiu da partida se sentindo bem arrasada, daí, Masahiro Sakurai teve a ideia de criar um jogo de luta em que qualquer pessoa pudesse jogar, um jogo que fosse fácil para que as pessoas pudessem se familiarizar e se aventurar a aprender, e então surgiu o conceito por trás de Smash Bros.

 

 

O conceito por trás dos jogos de luta

 

Os jogadores mais antigos, aqueles que iam aos fliperama, que jogavam muitos jogos de plataformas existentes nesses estabelecimentos, que em boa parte das vezes iam atrás de jogos de briga de rua, eram acostumados a jogar jogos com um alto grau de dificuldade, justamente para que eles colocassem mais fichas para continuar jogando e aprendendo os macetes. Jogavam o que aparecia para jogar e tudo era aproveitado e encarado como um desafio. Esses jogadores viram surgir jogos como Street Fighter (1), da Capcom, que tinham como premissa, derrotar o oponente, o levando ao K.O (Knock Out, ou simplesmente nocaute). Levavamos o inimigo ao nocaute usando chutes, socos e algumas combinações de movimentos na alavancas somados ao botão de chute ou soco para desferir um golpe diferenciado, que proporcionaria um dano fora do comum no oponente. Acompanhavamos a resistencia do nosso personagem e do oponente atravéz de uma barra superior, que se esvaziava a cada dano aplicado … e assim foi delineado o que conhecemos como “jogo de luta”.

 

Esses conceitos foram ficando cada vez mais perpetrados no gênero com seu sucessor, Street Fighter II, e como outros jogos, tais como Fatal Fury, Art Of Fighting, World Heroes e outros. Teve jogos que adicionaram outras mecanicas, tais como Mortal Kombat, que tinha alguns golpes de comandos diferentes do outros jogos citados e ainda acrescentava os “Fatalitys”. Até mesmo anos mais tarde, jogos como Virtual Fighter e Tekken, que traziam um ambiente 3D, golpes bem mais realistas, provenientes da captura de movimentos e jogabilidade baseada em sequencia de botões ainda conservavam boa parte das caractéristicas dos jogos já citados. A cada novo jogo que surgia, mais elementos eram acrescentados, cada vez mais os jogos se preocupavam em passar uma ambientação de combate, como movimentos mais fies a estilos de lutas reais.

 

 

Mudança de paradigma.

 

Os jogos de luta foram protagonistas, juntos aos jogos de briga de rua nos arcades até o fim dessa era, mais ou menos no final de 90, inicio de 2000, tempo esse que foi marcado pelo avanço tecnológico muito grande e preços mais acessíveis que os consoles de vídeo games ganhavam cada vez mais. Se os videogames ficavam com a mesma qualidade dos jogos que encontravamos nos arcades, então, por que continuar indo as casas de arcades? Pois é, com essa mudança entre os locais que se jogava videogames, os jogos também sofreram mudança de paradigma. Como já dito acima, os jogos tinham graus de dificuldade relativamente alto e eram relativamente curtos, e os jogos do console também iam por esse caminho, mas como os arcades deixaram de ser referencia, os jogos passaram a ser menos dificeis e serem mais longos, justamente porque as midias tinham poder de armazenamento muito maiores, podendo conter muito mais conteúdo de jogo. Não bastasse essa questão, os jogos passaram a não ter mais limite de continues, tendo apenas que ser gravado o progresso do jogo em memory cards, e mais na frente, em gerações posteriores, nem isso. Não era mais o jogador que se adequava ao jogo para poder concluir-lo e sim os jogos que se adequavam ao jogador para que o mesmo não se frustasse.

 

Explicada essa questão de mudança de paradigma, podemos entender o proposito do surgimento de Smash Bros. A “lenda” contada acima sobre Masahiro Sakurai encarando um oponente fraco, serve para ilustrar bem a questão sobre frustração, mas independente da história ser verdade ou não, fica evidente que Smash Bros seria um “jogo de luta” que não foi pensado para jogadores de jogos de luta, e sim, para que o público da Nintendo podesse se identificar e se sentir bem com um “jogo de luta”, ou seja, mais uma vez o jogo se adequando ao jogador, ao invés do jogador se adequar ao jogo. A grosso modo, podemos chamar de jogo de luta sim, pois o mesmo tem dois lutadores em seu modo de jogo principal, se digladiando em uma aréna, apesar de que o objetivo não seja nocautear ou vencer a resistencia do adversário, mais sim de expulsar-lo da aréna, no entanto, toda a complexidade dos golpes de comando, dos golpes que poderiam ser encaixados em sequencia e ampliando o dano refletido por conta de um vacilo do adversário, resumindo, boa parte dos elementos que caractérizavam um jogo de luta, foram simplesmente jogados fora em Smash Bros ... mas lógico, sendo substituidos por outros graus de complexidade e estratégias que fogem do senso comum pré – estabelecido em jogos de luta, e que acompanhamos desde seus primordios.

 

 

Afinal, Super Smash Bros é ou não é um jogo de luta?

 

A conclusão que podemos tirar é que Smash Bros pode ser chamado sim, de jogo de luta, ao menos até que se ache uma definição melhor para ele, afinal, chamariamos essa série jogos de quê? Jogo de plataforma? Talvez fosse mais coerente arrumar um subgênero para ele (jogo de luta … de plataforma srsrsrsrsrs), até mesmo porque se colocarmos ele junto a qualquer outro jogo de luta, fica notoria a disparidade. Como dissemos anteriormente, simplesmente é um jogo de luta que não foi feito para apreciadores de jogos de luta, ou seja, não foi feito para mim, ou talvez pra você, jogador que está lendo essa matéria, no entanto, tem a galera que gosta desse jogo, admira seu grau de complexidade, que se diverte altas horas em jogatinas online, e querendo ou não, essa galera é tão forte e fiel, que fizeram com que Super Smash Bros Ultimate, um jogo disponivel para uma única plataforma, que é o Nintendo Switch ultrapassasse as vendas do Street Fighter II, que é um jogo comercializado desde 1991 até hoje, e está disponivel em várias plataformas. Resumindo, um feito de se tirar o chapéu.

 

O próprio diretor, Masahiro Sakurai, disse estar surpreso com as vendas Smash Bros e ele mesmo não considera Smash um jogo de luta tradicional. Sakurai chegou a dizer que Street Fighter era o rei dos jogos de luta. Bem, ele deve dizer isso porque, apesar de saber a qualidade imensa do jogo que ele produziu (ninguém está aqui pra dizer o contrário), entende muito bem que foi um jogo feito para agradar um nincho de jogadores que queria poder interagir com um gênero de jogo, mas não conseguia. Na verdade ele sim foi um grande prodigio, pois conseguiu tirar uma boa grana dessa situação, criando um produto/serviço para um público que demandava aquilo. Você pode até não levar em consideração que Smash Bros seja um jogo de luta, você pode até sentir asco pelo jogo, mas é bom que você entenda, SMASH BROS É UMA SACADA DE GÊNIO, pois atingiu os corações (e os bolsos) dos admiradores da Nintendo, de uma forma nunca vista antes.

 

 

De qualquer forma ...

 

Para aqueles que não se veem jogando Super Smash Bros, e eu me incluo nesse grupo, basta encarar Smash como um jogo que não foi feito pra você e deixar de mão o fato de ser um jogo de luta ou não, até porque no final das contas tanto faz, os jogadores de Smash continuarão no nincho deles, jogando Smash entre eles, enquanto os jogadores dos vários outros jogos de luta continuaram jogando seus jogos preferidos e os outros tantos jogos de lutas aos quais se sentem em casa. É bom ressaltar que muitos e muitos que jogam jogos de lutas em geral também curtem bastante jogar Smash Bros, e não exergam problema algum em chamar Smash Bros de jogo de luta. Em geral, temos que ter essa mesma paz no coração, mas fica complicado em ver que alguns tantos jogadores de Smash, chegarem a reclamar e até mesmo a ensaiar um boicote a partidas com jogadores que usarem o Terry Bogard, que vinha por DLC na eṕoca, um dos poucos personagens incluidos em Super Smash Bros. Ultimate, que de fato, vem de um jogo de luta. Aí eu pergunto, é ou não é um mundo paralelo que alguns desses caras vivem? Como você, jogador de Super Smash Bros, vai se indignar quando dizem que seu jogo não é jogo de luta, mas você fica super puto da vida quando um personagem de um jogo de luta de verdade aparece no seu jogo preferido.

 

 

Ver personagens classicos como, Terry, Ryu e Ken num jogo como Super Smash Bros. Ultimate seria uma boa oportunidade para aqueles que estão chegando agora passarem a se familiarizar com os jogos de luta tradicionais. Mesmo entendendo que esse tipo de jogo não seja exatamente para ela por conta das várias dinâmicas e combinações de golpes, mesmo que de fato ela não sinta interesse em jogar esse tipo de jogo, é importante entender a relevancia deles para a história do jogos, principalmente os jogos de luta, o peso que eles tem até hoje. Voltar ao passado é sempre bom para entender como está o presente e ter idéia de como será o futuro, outro exemplo semelhante é referente a música, assim como para uma pessoa que está aprendendo a gosta de música e tem preferencia muito grande por bandas de rock atuais, por exempelo, é importante conhecer bandas como Nirvana, Black Sabbath, Led Zeppelin, conhecer artistas como Elvis Presley, para mesmo que ao final, a pessoa diga que não gosta, possa vir a entender porque a banda que de fato ela gosta, em determinado momento, se parece tanto com alguma dessas que não lhe chama tanto atenção. Se a pessoa não quer se prestar ao trabalho de ao menos conhecer algo antigo, e que tenha relevancia, quem perde é única e exclusivamente essa pessoa.

 

Até a próxima ...







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