Materia feita na data de 16/09/2024, Autor: Leonardo Silva
Gêneros de jogos costumam ter seu auge e depois perdem o destaque, dão uma esfriada, e assim, abrem espaço para outros gêneros. Foi assim com os RTS, os Real Time Strategy, ou Estratégia em Tempo Real, tomaram conta dos Pcs na sua popularização no inicio dos anos 2000 (ao menos no Brasil) dividindo espaço nas lan houses com FPSs como Counter Strike e fizeram parte das matinês, onde a galera pernoitava nas lans depois que fechavam para o grande público, e ficavam madrugada a dentro.
Já que RTS não é exatamente o gênero do momento, vale a pena explanar sobre ele. Como dito a pouco, RTS é um subgênero dos jogos de estratégia, onde é realçado o fato de que tudo ocorre ao mesmo tempo, ou seja, você teria que atacar com um grupo de soldados ao mesmo tempo em que, cria novas unidade de infantaria, veículos de ataque, coleta recursos que vão gerar todas essas infantarias e veículos, protege algum artefato importante para a missão e ainda pode estar sendo atacado pela retaguarda por um inimigo. Era um grande “se virar nos 30”, que podia levar em uma partida, cerca de 30 minutos ou mais, seja uma missão em uma campanha ou contra outros players.
Como se desenrola um RTS?
A duração se deve bastante pela cadencia da partida / missão, que geralmente se iniciava lenta, pois era o momento onde começávamos a coletando os recursos, que iriam servir para criamos nossos exércitos, e, dependendo de quão rápido é essa criação, poderíamos partir para o ataque contra o inimigo, enquanto continuávamos como outros personagens coletando recursos, e treinando mais soldados para se juntar ao restante e continuar o ataque, era aí que a cadencia aumentava e o jogo ficava frenético. Outro ponto que acabamos de citar, que é uma das características dos RTS, é a coleta de recursos, que é crucial para a vitoria ou derrota. Se gastarmos nossos recursos construindo itens que não são exatamente necessários para a missão, ou os recursos de onde estamos se esgotam e não encontramos outra área com mais recursos, não vamos ter como produzir mais soldados nem maquinário, sendo quase certa a derrota. Esses recursos variam conforme o jogo. Em jogos como Age Of Empires, podemos coletar madeira, pedra ouro e comida, já no jogo Age Of Mythology o item “pedra” foi substituído por “proteção divina”, que pode ser usado para invocar criaturas mitológicas, tais como um Colossos, Pegasus, Kraken e muitas figuras pertencentes da mitologia greco-romana, egípcia e nórdica.
Os grande vilôes dos RTS
Os RTS fizeram bastante sucesso no final da década de 90 e inicio dos anos 2000 com pedradas como os já citados, e outros grandes como Warcraft, Starcraft, Command And Conquer, Rise of a Nation, Empire Earth e etc, surgindo inicialmente no PC e tendo alguns títulos portados para consoles, sendo a “casa” desse tipo de jogo os Pcs mesmo, pelo nível de praticidade que o mouse e teclado proporcionam, seja pela mobilidade no cenário dado pelo mouse, seja pelos atalhos que podemo fazer no teclado para executarmos ações na tela. No meu ponto de vista, os grandes vilões que contribuíram contra esse gênero foram justamente o tempo de partida, que eram bastante estendidos e geralmente não tem como serem mais curtos, já que se você avançar sobre o inimigo sem ter um exercito robusto, seus soldados vão ser massacrados e você vai ter que criar o exercito todo de novo. O outro ponto contra é a complexidade das coisas que acontecem ao mesmo tempo na tela e o player tem administrar tudo ao mesmo, ou seja, são dois pontos que não tem como serem retirados, pois descaracteriza o gênero.
Aos poucos os RTS foram abrindo espaço para outros gêneros, principalmente os MOBAs (ex: League Of Legendes, DOTA 2 e etc), aqueles jogos que numa olhada bem rápida, se parecem muito com um jogo de estrategia em tempo real, mas que tem diferenças enorme no gameplay, onde o jogador controla apenas um personagem que é bastante forte e é seguido por uma gama de soldados menores, tendo como principal objetivo, defender suas torres ao mesmo tempo em que vai atacando as do inimigo e minando a produção de soldados dele. Ou seja, mesmo tendo seu grau de dificuldade, os MOBA tem um gameplay bem mais simplificado (leia-se, menos coisas acontecendo ao mesmo tempo para se preocupar) que os jogos de RTS.
A simplificação dos jogos, na verdade, foi uma tendencia que seguiu aumentando gradativamente, a industria ia produzindo jogos mais caros e longos, para dar a entender ao jogador que o dinheiro dele está sendo bem pago com horas de gameplay, mas evitando a frustração da perda excessiva, vinda da complexidade e / ou do grau de dificuldade do jogo e etc, então, para evitar que o jogador “drope” o jogo sem finalizá-lo, a maioria dos jogos foram deixando de ter grande complexidade ou dificuldade extrema, sendo os que conservam esses elementos, jogos mais nichados.
Gênero nichado, mas não extinto
Assim como jogos de grande dificuldade são representados por gêneros como o Soulslike e títulos como Sekiro, Shadows Die Twice, Darksouls e outros, que tem como premissa fazer com que o jogador supere a dificuldade, jogando, morrendo, retornando para morrer de novo, até que aprenda de fato como passar por aquele inimigo. Os gêneros em geral dentro dos jogos de estratégia conseguem ser bem complexos, mas como falado, pertencem a um nicho, ou seja, vai quem gosta, mesmo tendo seus momentos de alta e baixa. Em alguns momentos de baixa, alguns podem até achar o gênero morreu, mas o que acontece é apenas o (grande) freio no pé por parte das desenvolvedoras, que procuram se ocupar com os gêneros em alta.
Desde agosto de 2019, ao menos a Xbox Game Studios junto a seus estúdios desenvolvedores vem não só reformulando sua principal série de RTS, Age Of Empires, relançando com mecânicas novas e modernas e incrementando as campanhas, como também lançou o quarto título da série, todos com modos online e muito bem e localizados para o português do Brasil, com a exceção do segundo título, que apenas não possui dublagem em português. A Blizzard também entrou no páreo com seu Warcraft III: Reforged, que também traz gráficos melhorados, mas claro, sem perder o tom relativamente cartunesco que o mundo de Warcraft carrega. Além do gráfico, o jogo também trás recursos atualizados e reúne as expansões do game da época, tendo lançamento conturbado.
RTS está vivo
A cereja do bolo vem com o lançamento de Age of Mythology: Retold, que como o próprio nome já fala, pretende recontar todas os eventos do jogo original, e claro, com um gráfico melhorado, redublagem e todo o trato a mais que seus primos tiveram. Cada relançamento desses jogos realçam esse gênero tão nichado, trazendo tanto os jogadores mais antigos que passavam horas e horas jogando, quanto novos jogadores que não conheciam esse gênero, ou ficam só nos MOBA da vida. Age of Mythology foi, sem dúvida, um dos mais fantástico RTS já lançados até hoje, que conseguiu misturar os elementos de estratégia com elementos mitológicos e de fantasia como nenhum outro. Ver esse game sendo relançado e reformulado, com certeza é uma demonstração de carinho muito grande com os players fãs do gênero.
Esperamos que esses títulos continuem revigorando e trazendo mais lançamentos de estratégia em tempo real, mesmo que um pouco espaçados em seus lançamentos, mas que sejam bem feitos. Jogos de estrategia em geral continuam sendo feitos, mas os RTS merecem uma atenção especial.
Boa jogatina.