Materia feita na data de 05/02/2020, Autor: Leonardo Silva
Para quem costuma comprar jogos de computador, é praticamente impossível não conhecer a Steam, a maior plataforma de venda de jogos digitais do mundo. A Steam entrou no mercado em março de 2002 e teve/tem grandes méritos em sua história, tais como ajudar a tornar o mercado de jogos de pc rentável novamente, abrir espaço para os desenvolvedores indies e tomar medidas para impulsionar a venda de jogos para outros sistemas operacionais, fora o Windows. A Steam também conta com serviços de save na nuvem, avaliação de jogos pelo usuário, comunidades, oficinas, conquistas e muitos outros recursos que deixam sua loja muita mais atrativa que uma simples loja de jogos digitais.
Muitos usuários reclamam que a Steam, pelo fato de estar consolidada no mercado e não ter concorrentes a altura, parou no tempo e não procura fazer mais inovações, o que pode até ter seu fundo de verdade, no entanto e de fato, quem faz com que as empresas tentem inovar é justamente a concorrência. Com um “entre aspas” bem grande pra que se entenda de que não é uma verdade ao pé da letra, “a Steam já fez o que deveria fazer”, no que se refere a inovações na loja, o que não aconteceu ainda foi aparecer concorrente que conseguisse chegar perto do que a Steam faz, mas isso pode ser devido a seus respectivos modelos de negócio. Muitas empresas simplesmente não fazem o que Steam faz por que não querem, preocupam-se mais em deixar o layout de sua loja bonito e divulgar bem a venda de seus produtos do que deixar seus usuários horas e horas em seus launchers fazendo algo que não seja comprar seus jogos. Tudo ok, porque cada empresa tem sua regra de negócio e conduz suas transações do jeito que achar mais conveniente.
Quem é a Epic Games
A Epic Games é uma empresa de jogos de vídeo game em criada em 1991 inicialmente com o nome de Potomac Computer System, referenciando a cidade onde era sediada. Ficou famosa em seu começo, pela sua Engine para fabricação de jogos, a Unreal Engine, amplamente utilizada até hoje, em jogos como Tekken 7, por exemplo. Depois continuou a ganhar destaque fazendo jogos como os da série Unreal Tournament, e mais tarde, produzindo Gear of War, vindo tanto para pc quanto para o Xbox 360.
Em 2012 ela lança Fortnite, que se torna febre entre os jogadores do estilo Battle Royale e saindo para tudo que é plataforma. Com as vendas de Fortnite e sua receita aumentando vertiginosamente, a Epic Games lança sua loja, a Epic Games Store, uma loja digital que vende não apenas os títulos da própria empresa, como também de outras distribuidoras e desenvolvedoras, assim como a Steam e outras já vem fazendo a um certo tempo. Até aí, nenhuma novidade, pois várias outras empresas já vendem seus jogos em seus próprios launchers, tais como a EA com sua Origin, Ubisoft com sua Upĺay e muitas outras. Inclusive, muitas dessas, além de vender seus jogos em suas próprias plataformas, ainda vendem na Steam também.
Batendo de frente
A Epic vem chegando e tentando bater pesado no reinado da Steam. Sua loja ainda encontra-se bem “capada”, adicionando aos poucos funcionalidades como save em nuvem, compras em moeda nacional (pois é, começou sem esse “recurso”), mas o foco da empresa para bater de frente são seus “exclusivos”. A Epic vem investindo pesadíssimo em direito de exclusividades temporária de venda de jogos lançamento, tanto de jogos AAA, quanto jogos indie que prometem grandes saídas. Geralmente essa exclusividade é de 1 ano, e depois disso, o jogo poderá ser vendido em outras plataformas de vendas. A mesma também vem dando uma grande quantidade de jogos, e diga-se de passagem, ótimos jogos, para atrair novos usuários e fidelizar os que já são da casa.
O principal argumento dos representantes da Epic contra a Steam é o valor que a mesma cobra para vender o jogo pela sua plataforma, que gira em torno de 30%, o que de fato é uma fatia muito grande tirada do trabalho do desenvolvedor. Em declarações dadas em abril de 2019, Tim Sweeney, CEO da Epic Games, afirmou que deixariam de obter exclusivos para sua loja, caso a Steam passasse a ficar apenas com 12% do valor da comercialização do jogo, deixando o desenvolvedor com um lucro maior (Puuuxa!!! Como a Epic se preocupa com o desenvolvedor !!! Que lindo!!!). Obviamente a Steam não iria fazer isso, e muito menos a Epic iria parar a estratégia dela pelo fato da Steam, deliberadamente, decidir liberar mais ganho para o desenvolvedor.
If Steam committed to a permanent 88% revenue share for all developers and publishers without major strings attached, Epic would hastily organize a retreat from exclusives (while honoring our partner commitments) and consider putting our own games on Steam.
— Tim Sweeney (@TimSweeneyEpic) April 25, 2019
Destruindo um monopólio, criando monopólio
Monopólio é um sistema onde, em um nicho de mercado, uma empresa ou corporação, com certas vantagens sobre seus concorrentes, toma medidas estratégicas para inibir ou minimizar a ação das outras para que sua influencia sobre o mercado continue e/ou se expanda ainda mais. Nesse sentido, não vejo como a Steam esteja tomando medidas monopolistas, pois a mesma não compra exclusividade e ainda abre as portas, tanto para desenvolvedores menores quanto para grandes. Caso você veja, deixa sua observação lá nos comentários.
A Epic não comete nenhum crime ao fornecer vultuosas quantias de dinheiro para as desenvolvedoras em troca de exclusividade temporária, aceita quem quer, e é pra lá de compreensível do ponto de vista do desenvolvedor, a preferencia deles pela oferta de exclusividade da loja da Epic Games. Se o jogo não se sair bem, o valor pago pela Epic costuma cobrir o valor de vendas. A questão é que muitas dessas ofertas apresentadas pela Epic foram feitas quando o desenvolvedor estava fazendo divulgação que estaria em breve na Steam, caso de Borderlands 3, ou quando o mesmo estava fazendo algum tipo de financiamento coletivo com a promessa de que estaria disponível para a Steam, caso de Shemmue 3.
Claro, existem casos em que o desenvolvedor, por uma questão de palavra, opta por não aceitar esse tipo de prática. Foi o caso do jogo Darq, em desenvolvimento pelo estúdio Unfold Games. Wlad Marhulets, pessoa que personifica a Unfold Games, afirma que isso poderia quebrar a credibilidade de seu estúdio, já que ele havia divulgado já a algum tempo que seu jogo estaria saindo pela Steam, e é um game que já aparece entre os mais desejados dentro da plataforma.
Nossa opinião
Como já deu pra notar, a Epic Games está de fato ganhando uma fatia no mercado de venda de jogos, porém, não de uma maneira tão salutar. Seus serviços, apesar de pouco a pouco estarem melhorando, ainda são bem simplórios, a quantidade de jogos ainda não é tão grande e nada nela se compara a concorrente, no entanto, os exclusivos e os jogos que ela está dando de graça, mesmo para quem nunca comprou nada nela, estão atraindo, e muito, a atenção jogadores. Cada cabeça uma sentença, não é de se julgar quem pegue os jogos de graça na plataforma, ou compre seu jogo favorito recém lançado na Epic.
No entanto é de se ressaltar que toda a estratégia da Epic Games vem se baseando em sabotar o que a Steam faz, uma vez que os seus passos consistem em verificações e analises na loja da Steam, os jogos que geram grande expectativa nos usuários, jogos que podem causar um rombo nas expectativas de vendas, caso sejam retirados do catalogo de pré-lançamentos, e outras mais.
Você, consumidor, pode até pensar que isso não te afetará, no entanto, Os jogos estão mais barato por conta dessa competição? O suporte dessas lojas melhorou, piorou ou está a mesma coisa? Vale a pena vestir a camisa de uma empresa por ela ter dar algum jogo ou só vale a pena pegar o jogo mesmo? Em um mundo paralelo, onde a Steam saísse da jogada, será que a Epic Games continuaria a se empenhar em melhorar ou iria estagnar, com uma loja sem grandes recursos e com suporte fraquíssimo? Bem, as vezes da pra imaginar que se a Steam saísse do mercado, a Epic simplesmente não saberia mais o que fazer, pois ela não teria mais parâmetro pra entender qual seria o próximo passo a seguir.
Hoje não compramos apenas um jogo mais sim, todo um serviço que vem com ele. Como consumidores podemos comprar o que quisermos e onde quisermos. Quando compramos em uma determinada loja, estamos premiando e dando credibilidade a ela e por isso mesmo, e interessante verificamos se ela de fato merece nosso dinheiro, credibilidade, visibilidade e tudo mais que vem junto. Seja em qualquer plataforma, aliado a sua necessidade, é importante verificar se a mesma merece seu investimento, se merecer vá em frente.
Até a próxima matéria ...